NÃO POSSO NUNCA ESQUECER DO APOIO DO ESPORTE ESPETACULAR PARA COM O PROJETO FUTMESA POR UMA INFÂNCIA MELHOR.
AMBIENTES CONTURBADOS
Conversando com um amigo sobre as dificuldades
do trabalho voluntário onde ele me falava de como é complicado realizar coisas
boas em alguns ambientes, então eu disse:
_Até faço ideia sim, nas fotos é tudo maravilha porque
de fato é, mas por experiência sei que para chegar naquele momento tem muito
trabalho e situações complicadas, eu fiz um trabalho sempre de forma voluntária
mesmo quando a prefeitura de Poa - Rs me ajudou com transporte, mas fiz dez anos de futmesa numa vila da cidade onde
dos meus 80 alunos alguns eram parentes de traficantes locais, mas eu não sabia
no começo deste fato, e descobri quando algumas crianças apareceram com botões
caros times completos que eles não poderiam comprar, perguntei quem deu, eles
disseram: foi o tio do fulano ele é o
chefe do morro e ele não quer os seus sobrinhos no trafico de drogas, ok. Passado
um tempo um grupo de garotos filhos de outra facção queriam brigar com o meu
grupo e até armados entraram na escola onde eu realizava o projeto, com calma
sobe a mira de um 38 consegui acalmar a situação já que o líder deste grupo
rival já havia sido meu aluno em outro bairro e gostava muito de mim, Jamais
pensei que aquele guri iria crescer mais um pouco e andaria armado, então tirei
minha turma da escola e passamos a jogar em outro local ,mais seguro, e ai vai
as histórias que são tantas.
Depois de um
tempo perdemos quatro alunos do projeto para o crime e pelo que eu soube dois
foram assassinados, um já tem mais de 18 e esta preso e outro foragido por
homicídio, ele matou o cara que o viciou nas drogas, um aliciador de menores
que recrutava aviãozinho para seu próprio negócio.
Porém salvamos 74 pequenos daquela turma.
Foto de Leandro Dias aos 10 anos em 1982
Como comecei a jogar com 10 anos e com 14 anos no trabalho voluntário eu vi muita gente crescer casar e os filhos
dos filhos serem todos meus alunos e tive muita gente do bem ao meu lado, mas
nem todo lugar era bom, havia vilas muito complicadas de se realizar o projeto
futmesa.
Mas depois de
um tempo um pouco mais de dez anos numa vila onde eu residi, agente nem mais
sabia o que era ruim, você perde total distinção do perigo eu me tornei um
apaziguador de situações que estavam no limite da morte.
DEU ENCRENCA NA VILA CHAMA O APAZIGUADOR
Eu vou escrever
tudo no blog porque tem muita coisa, só de te contar sinto o coração bater do
medo que eu escondia porque a final de contas eu era a esperança de muitos e
não podia fraquejar, mas sempre pensei rápido e conseguia sempre chegar ao
coração de cada um daquele local.
Eu fui respeitado pela policia e pelos traficantes,
não havia beco fechado par mim se algum soldado do crime me barrasse era
advertido, o professor passa sempre, meu maior medo era os filhotes do crime,
pois eram crianças e matavam por qualquer coisa, minha religiosidade me salvava
sempre, sou umbandista e quimbandista e eles têm medo dos espíritos.
O FEITICEIRO RESPEITADO

Em falar em
espiritualidade eu posso dizer que fiz uso da magia da boa vizinhança quando me
deparei com uma situação complicada no projeto Escola Aberta da secretaria da
educação onde inclusive fui homenageado na câmara de vereadores de Porto
alegre, três garotos de outra vila rival queriam me passar como se diz na gíria
pelo meu trabalho com as crianças do projeto que eram de outra vila rival,
então para me atormentar eles apontavam o dedo de longe pra mim como se
estivessem armados, tipo vamos te matar, afinal eu atendia no projeto uma vila
rival da deles. Claro que me voltei aos meus guias para melhor me orientar e
proteger quando tive a noticia em minha porta que os três em questão tinham
roubado um carro, bateram e foram pegos pela policia e encaminhados para o
conselho tutelar, logo estavam pela vila novamente esperando o que o juiz iria
decidir, eu os encontrei bem preocupados, mas eu sabia o que iria acontecer com
os três dali para frente, então
conversei com os três para acalmá-los, foi quando um deles me pediu para eu
fazer um feitiço para ajudá-los, eu expliquei bem o caso deles e até agravei e
o Maximo que eu poderia fazer era um amalá para justiça, isto é eles cumpririam
um 386 serviço comunitário e nada mais, tá bom pra vocês, só que apartir de
agora não aprontem mais, pois Xangô não poderá ajudar mais, sai da conversa
lentamente e ouvi de longe um deles falar, cara o professor é muito gente fina e
nós querendo passar o cara. E claro que tudo correu como eu já sabia, então
eles felizes vieram me agradecer e aos meus santos por ter os ajudado com o
caso e que tinha dado só 386, a partir daí ganhei mais uma vila.
NÃO É BOM NEGÓCIO SE ENCRENCAR COM FEITICEIROS
OS ESPÍRITOS SE REVOLTAM
Não foram poucas as vezes em que fui chamado para atender alguém doente em alguma casa dentro da vila, só de eu chegar na casa as pessoas diziam: O sr. entrou e nos sentimos uma paz, então pensei o quanto as pessoas são supersticiosas, com axé de saúde, banhos e oferendas tentava resolver o que eu podia na comunidade seguindo as regras da Umbanda que é caridade. Até em casos de possessão eu era chamado atendi uns três casos, sendo que no primeiro era realmente um obsessor, mas no segundo e no terceiro era apenas fantasia, porém ser dizer nada segui os preceitos dos fundamentos religiosos, pelo certo ou pelo errado daria certo nem que fosse placebo.
Foto retirada da web apenas para ilustrar o texto
FUI SALVO PELAS CRENÇAS FANTASIOSAS QUE OPERARAM AO MEU FAVOR.
Numa certa noite quando voltava para casa umas quatro horas da manhã ajudei uma moça a fugir de um desafeto que com uma faca havia ferido na mão, logo a policia estava no encalço do bandido que escapou. Ofereci ajuda fazendo um curativo no corte e depois disse que levaria a tal moça até sua casa, mas ela disse depois que eu subir mais uma quadra já to em casa e o sr. volte para sua, pois não posso garantir o seu retorno seguro, um vizinho nos acompanhou e quando voltamos ele me disse que ela era filha do chefe do morro, então conclui que o cara da faca era mesmo um desafeto.
Passado alguns dias apareceram quatro sujeitos no meu portão, um deles tinha sido meu aluno quando criança num projeto futmesa, me chamaram e eu atendi, era para agradecer a ajuda e me convidar para uma festa que eles e o tal chefe estavam organizando, agradeci, mas disse que não poderia, primeiro porque meu projeto anda na contramão dos objetivos deles e porque eu tinha medo que eles fossem atacados por outra facção ou pela policia, e depois que os tiros iniciam todo mundo que se junta ta no mesmo saco, um deles falou que já esperava que eu não fosse e que eu era amigo de muitos policiais e agentes da susep, eu disse não por isso, na verdade não fecha fazer um trabalho para livrar crianças do trafico e ir a festa com traficantes, então o que já tinha sido meu aluno disse mesmo assim muito obrigado e se alguém incomodar na redondeza era só eu chamar.
Descobri também que o chefe local também jogava botão e um tempo atras já havia me convidado para jogar com ele, claro que tive pesadelos, mas por sorte ele desistiu, pois ele havia jogado com seu sobrinho um de meus alunos e não conseguia vencer o guri, então o guri disse pro tio dele que se ele não o vencia não podia jogar comigo, pois ele o sobrinho havia perdido para mim por 40 a 1.
Mas no meu pensamento criei uma sena de terror, tipo se eu marcasse gols levava um tiro ou uma facada, mas isso era só minha imaginação.
MEUS AMIGOS DA LEI
Um médico amigo meu me disse que eu era como um pajé só que da comunidade, que eu era como ele médico e não cabe a nós punir ninguém e sim ao poder publico e a policia aplicar as leis, pois ele como médico cansou de atender pessoas do crime, alguns até algemados, embora não sejamos a favor em caso de saúde temos que salvar a todos e torcer para que tenhamos leis mais rígidas e salários melhores para nossos policiais e agentes que ganham pouco e arriscam a vida todo dia por nós. por outro lado existe o policial agressivo, violento e intolerante, que é fruto também do estado, o mesmo estado que produz a miséria e por medo da miséria ou o pobre se deixa colonizar escravizar pelo sistema economico ou se escraviza no crime afim de obter o que a tv vende todos os dias, e ficar longe da miséria por medo, e a policia tem que apagar o fogo que estado não quer apagar, porque tem que manter o pobre na ignorância, no meio disso tudo se o policial não tiver conciência social ele vira um criminoso impotencial já que é treinado pelo sistema, nota-se uma abordagem num bairro rico e a abordagem na favela, as forças de segurança do estado comete crime o tempo todo, o estado comete crime todo o tempo no mais pobres que não tem defesa. falta educação de qualidade, saúde de qualidade, habitação com qualidade e segurança de mãos dadas com o povo, mas o estado quebra isso quando impõe confronto aos trabalhadores quando se manifestam em defesa de justiça, seja ele professor, médico da saúde popular ou policial, estado x policia, o que vai sobrar para os pobres.
SE O POBRE SE TOCAR A SOCIEDADE MUDA
A perte mais forte esta na ignorância com a desinformação no sentimento de inferioridade e impotência da maioria da população, que é a mais forte, mais resistente, mais criativa, mais capaz de superar dificuldades porque trabalha com dificuldade o tempo todo.
É um trabalho de conciência que vai demorar algumas décadas, mas tem que começar.